terça-feira, 20 de setembro de 2016

Meia maratona do Porto Sportzone 2016


O dia 18 de Setembro de 2016 foi mais um marco importante no meu percurso desportivo e pessoal. Não é todos os dias que nos autopropomos a realizar uma prova desta dimensão e deste nível de exigência a nível físico. É também com este dia que realizo mais uma etapa dos meus objetivos a nível desportivo, pois como praticante de atletismo há cerca de um ano, senti que chegara a altura de demonstrar a minha evolução e que, com vontade, determinação e persistência, poderia obter um bom resultado para uma primeira vez.
Eis que, chegado este dia, depois de algumas horas de dormida (talvez por causa da ligeira ansiedade provocada por ser a minha primeira vez num evento desta envergadura), me pus a caminho da ponte do freixo. De forma a evitar alguma espécie de atraso, como já tinha acontecido noutras provas (mini-maratonas), lá tive de despertar um bocado mais cedo que o habitual e tomar um bom pequeno almoço. Claro que no caminho, e mesmo momentos antes da prova, tive de abastecer, o que já é natural para qualquer desportista.
Falando especificamente da prova, já esperava por uma grande adesão - e nesta participaram 5286 pessoas. O mais emocionante - e talvez entusiasmante - foi ver tudo ali à espera do início da partida, tudo à espera de dar o tudo por tudo em algo que obteve aderência a nível mundial. Confesso que estava um bocado mais nervoso que o habitual, talvez pela energia que senti no meio de todo aquele aglomerado populacional, mas nem isso me fez perder a confiança de que precisei para correr.
Como atleta não federado e sendo a primeira inscrição numa meia maratona, apesar de, à primeira vista, parecer algo exagerado para quem vê de fora, propus-me a realizar os 21km em menos de 1h30min. Algo muito arriscado e uma tolice, para muitos. Quando falamos de atletismo, às vezes as coisas seguem uma certa lógica. Se um determinado atleta treina com certa frequência (3 vezes por semana, por exemplo) e vai evoluindo aos poucos a distância, com mais ou menos intensidade, consegue presumir, com relativa facilidade, tanto a velocidade a que pode e deve realizar a prova como o espaço de tempo em que cumpre a mesma. Foi o que me aconteceu. O meu máximo em termos de distância percorrida é de 27km. Depois de algum tempo em recuperação de uma contratura na perna esquerda, poderiam não "apostar" numa vitória pessoal ao fim de tão pouco tempo. A verdade é que, mesmo em recuperação, sentindo-me melhor, já conseguia atingir os 7/8km num espaço de tempo aceitável, e isso gradualmente deu-me confiança para conseguir chegar mais longe.
Assim sendo, e apesar de não ter corrido nas condições a que estou habituado (momento do dia), uma das melhores sensações ao longo da corrida foi uma sensação de leveza e velocidade. Posso até fazer uma analogia entre o running e a vida: quando vamos a uma determinada velocidade, encontramo-nos numa determinada fase da corrida e, connosco, vão outras pessoas que acompanham também o nosso ritmo; através do running, podemos também constatar que há certos momentos na nossa vida, as tais fases da corrida, em que nos sentimos mais a fraquejar, começam a faltar-nos as forças para continuar. Pois uma coisa vos digo: independentemente do objetivo pessoal, correr acompanhado por alguns dos melhores atletas é como terem as melhores pessoas da vossa vida ao vosso lado.
Deixando agora de parte dos moralismos, e tentando não pensar no cansaço que sentia em certas alturas, lá consegui acabar a corrida em 1h28m46seg. Fiquei surpreendido comigo mesmo, pois até este dia, nos meus treinos, completava uns km's a menos neste espaço de tempo. Claro que os últimos 3/5km's foram para matar, ou seja, são aqueles momentos do tudo ou nada, mas que vocês ainda não conseguem ver a linha de chegada. É nesses momentos que a vossa resistência é realmente testada. Lembro-me agora de um dos "ensinamentos" do Rocky Balboa, em que ele está num combate e, aparentemente desarmado e quase a ser derrotado, lembra-se do seu treinador e do seu treino e pensa consigo mesmo:"It's not about how hard you're hit, it's about hard you can get hit and keep moving forward, how much you can take and keep moving forward". Esta frase, tão simples aparentemente, tem por trás dela muito para levar para a vida. Nos últimos momentos de uma prova, ou quando estamos mesmo prestes a completar um objetivo, só pensamos em abrandar ou mesmo parar. É, porém, nesses momentos, que devemos apostar em toda a nossa integridade e força.
Esta prova bem-sucedida permitiu-me, mais uma vez, constatar que consigo ser mais forte a cada dia que passa, consigo ultrapassar e resolver os problemas que entretanto se cruzarem comigo e evoluir bastante a nível pessoal. Claro que não é tudo fácil, pois se assim fosse nada teria piada. São estas provas que podem espelhar os nossos limites, mas somos justamente nós que temos a capacidade de impor os nossos limites. O running é uma prova, pois, em grande medida, psicológica, e consegui demonstrar a mim mesmo que consigo, com determinação e persistência, chegar mais longe.

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