sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Citizenfour

Um comentário a este documentário deve começar pela questão: a privacidade existe verdadeiramente? - Até nesta questão, existem muitos pontos a considerar, mas primeiro devemos olhar para a palavra privacidade e compreendê-la do ponto de vista do seu significado literal. Ora, segundo o dicionário priberam, esta palavra a condição do que é privado, pessoal ou íntimo; a vida privada. Em termos legais, o direito à privacidade está consignado no artigo 26º da CRP (Constituição da República Portuguesa), sob a categoria de outros direitos pessoais.
Após este enquadramento introdutório à palavra "privacidade", passo então à análise do documentário sobre Edward Snowden. Todos sabemos e conhecemos histórias, até do que vemos nos filmes e nas séries, do quão empenhados estão os realizadores em focar a espetacularidade dos efeitos especiais, histórias mirabolantes de espionagem, histórias de amor impossíveis e irrealizáveis, feitos heróicos de lendárias personagens da história, entre outros. Neste caso, é bastante diferente. É um documentário que  mantém o foco naquilo que é a privacidade e gera um intenso debate à volta da mesma.
Edward Snowden coloca-se à frente de qualquer funcionário ao serviço do Estado, e que teve a coragem de revelar muitos dos segredos a que estaria obrigado, por lei, a manter para si, quando, na realidade, o tornava cúmplice da violação à privacidade de muitos concidadãos. Como mostra o documentário, este situação coloca o personagem numa situação bastante nefasta para a sua vida, tanto a nível profissional como a nível pessoal.
Tecnicismos à parte, com a evolução da tecnologia, é bastante importante que todos percebam o quão fácil é a vida de qualquer um esteja completamente exposta, mesmo que involuntariamente. E no futuro, isto irá agravar-se. Desde o frigorífico que abrimos até à ùltima compra que efetuámos no supermercado, tudo isso pode ser monitorizado. Pessoalmente, não é isso que mais me assusta, mas sim a facilidade com que podemos aceder a essas informações - isto para quem tiver mais conhecimentos de caráter técnico para o fazer. Por lei, cada um tem direito à sua privacidade, exceto nos casos em que, numa situação particular, tal se afigure como extremamente necessário no decorrer de uma investigação, à busca da verdade. Agora, existem muitos programas com uma interface simples especificamente desenvolvida para quem não tiver conhecimentos técnicos e que permitem que os noobs da tecnologia incorram numa atividade criminal que viole a privacidade de um certo indivíduo. Além disso, não é que desacredite dos técnicos de informática deste país, mas se o criminoso conseguir disfarçar o seu IP pessoal, isso revela-se uma enorme complicação para quem tentar descobrir a fonte de ataque, o que dificulta ainda mais a investigação e, consequentemente, cria na população um certo "à vontade" para quem quiser "brincar" com a questão sem correr riscos.
Se hoje em dia é tão fácil, para qualquer pessoa, aceder a certas informações pessoais (por exemplo, dados que certas aplicações recolhem no telemóvel para trabalharem mais eficazmente), de que forma estará a nossa privacidade realmente protegida?



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente!