segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Review do filme "Laranja Mecânica"

Boa tarde, pessoal. Vi o filme há dias, sem quaisquer expectativas, e foi o melhor que me podia ter acontecido, sem dúvida.
Como estudante de Criminologia, a importância pareceu-me mais acrescida, até porque é um filme que retrata e comprova muitas das teorias com que me deparei durante os meus estudos.
Ora, Alex é um jovem delinquente, no meio de um grupo de amigos, além de líder desse mesmo grupo. Além do filme nos conseguir fornecer uma visão acerca da personalidade do delinquente, também nos permite constatar a intensidade da força do grupo, relativamente à força individual. Isto é, é facilmente percetível a maneira como cada elemento se deixa influenciar pelo grupo, pelo todo.
Como podemos observar nos nossos dias, os tribunais estão carregados de processos relativos a homicídios, roubos, entre outros crimes. E, consequentemente, as nossas prisões sofrem uma sobrelotação. Como devem calcular, o nosso governo não tem infra-estruturas suficientes, nem dinheiro, para andar a suportar todos os criminosos julgados. E isto gera um enorme problema à justiça, que já se arrasta há muitos anos: os grandes e implacáveis atrasos.
Mas, e se todos nós mudássemos a nossa perspetiva de criminoso e delinquente, e passássemos a observá-lo de um ponto de vista mais "humano", não tanto normativo? É que, vistas bem as coisas, e já de uma pespetiva histórica, o Direito sempre teve uma componente mais forte, ainda no que toca à sua relação com a psicologia, por exemplo.
Como jeito de análise ao delinquente, não contendo esta minha análise quaisquer spoilers, portanto, Alex é-nos apresentado como um jovem delinquente, que como líder do grupo, sente o prazer em realizar o ato. E a própria dinâmica do grupo baseia-se, tão-só, em maldade, aldrabice, vandalismo. E isso leva-nos a questionar certos factos: não existindo grupo, poderá o indivíduo possuir a motivação necessária à realização do ato? Não poderá um certo crime refletir o efeito e resultado da história de vida do ator? O crime poderá ser visto como algo separado daquilo que o agente sente ou daquilo que viveu?
Aqui fica, portanto, o meu convite à visualização deste filme. E não se deixem enganar pela data em que foi realizado, dado que os antigos são os que deram, e continuam a dar, a base daqueles a que nós assistimos hoje. E, em jeito de conclusão, antes de providenciarem os vossos caros amigos com a vossa tão defendida opinião, no que toca ao mundo do crime e da delinquência, não se esqueçam, em primeiro lugar, de questionarem aquilo que sabem, e procurem factos concretos que sirvam de base à opinião por vós emitida.

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